quinta-feira, 12 de maio de 2011

Conto de um Ordinário

Confesso que nunca fui a pessoa mais criativa do mundo. Minhas redações da escola sempre tiveram as mesmas bases; minhas notas sempre foram medianas e por toda a minha vida eu fui um cara ordinário.

Não ordinário no sentido de sacana. Procurei no dicionário e achei que o sentido de ordinário é: comum, normal. Pois bem, sempre fui um garoto como qualquer outro. Trancava-me no quarto ou banheiro por motivos misteriosos, falava de mulheres mesmo sem nunca ter dado mais que um beijo em uma e tinha como destino me formar numa faculdade relativamente boa; ter uma vida confortável com uma mulher não muito bonita e filhos tímidos e de aspecto normal, assim como eu.

Acontece que há três anos, eu estava chegando à minha escola, onde cursava o terceiro ano, e por alguma arte do Destino, meu olhar encontrou uma garota. Ela era linda, conversava com os amigos gesticulando e arrumando a franja que teimava em cair sobre os olhos. Aquele tipo de menina nunca foi meu estilo; sabe como é, eu devia ficar com alguém tão comum quanto eu. Mas a vida é cruel e faz de tudo para nos tirar da nossa zona de conforto e nos propor desafios.

Obviamente, não fui falar com ela, sou tímido. O fato é que eu não conseguia desviar meus olhos e durante as aulas minha mente trabalhava em função da imagem da garota. Fui observá-la novamente no intervalo e me perguntava do que ela falava, como cheirava, se já tinha me notado alguma vez... Na saída, fui tomado por uma súbita coragem assim que a vi caminhando sozinha em direção ao portão.

Saí em disparada e toquei seus ombros macios, insisto em repetir que sou tímido e não tinha experiências com mulheres, não ria de mim quando revelar do meu assunto: falei do tempo. Ela foi gentil e manteve a conversa ativa, até que seus olhos se fixaram na esquina e ela parecia já não prestar atenção na conversa.

Quando olhei para frente, vi duas garotas se beijando na nossa frente e perplexo. Perguntei a minha acompanhante qual era o problema, e ela revelou que uma das garotas tinha sido sua namorada, e que não podia entender como ela havia superado o termino do relacionamento tão rápido.

Nós conversamos muito, eu a levei ao ponto de ônibus e em seguida fui pegar o metro. No caminho, desolado, fiquei pensando que talvez devesse voltar aos antigos planos de ser normal. Só que quando cheguei à minha rua vi um caminhão de mudanças na frente da casa vizinha e uma garota de lindos cabelos negros na porta e comecei a pensar que ser normal é chato demais.

Fui dar boas vindas a ela...


Bruna Tavares, 2º Alfa

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